sábado, 27 de outubro de 2007

Dois pra lá, dois pra cá.

Laércio lá estava. Louco, lelé da cuca. Bebeu latas e latas, lamentou toda muvuca.

Caíque caiu de quatro, quando bebeu cachaça. Quando caiu em si, viu o tamanho da desgraça.

Lá estava Laércio, inércio, louco varrido. Bebeu até cair, mas, ajudou o seu amigo.

Eram quatro horas e Caíque estava caído. Caído Caíque estava, querendo mais quatro, era só o que faltava.

Lamento, caro Laércio, lá era um lugar de velho. Lá tinha tantas latinhas que tiraram Caíque do sério.

Desembainhar.

Se cada dia é uma batalha, qual das minhas armaduras vestirei? A armadura da revolta, da indiferença, da loucura, a armadura da impunidade, da insegurança, ou até mesmo, uma armadura que me torne invisível? Irei de peito aberto ou protegido?

Acho que sairei armado. Armado de uma espada, de balas-de-aço, com os punhos cerrados, armado de boas idéias, carregado de atitudes, com flores, com pedras? Estou de braços atados. Talvez não saia. Será que a clausura é a melhor alternativa?

Enfrentarei meus medos e sairei sem receio, apontarei os culpados e, se eu for um deles, colocarei minha cabeça a prêmio.

Tupiniquim.

Entendo, vocês terão que manter a tal reputação. Criticas fazem parte de seu discurso engajado. “Odeio o brega!” – Eles gritam. Mal sabem que Cauby (Este mesmo, o da “Conceição”) foi que, pela primeira vez, gritou “Rock n’ roll!” no Brasil.

Eles criticam o samba, mal sabem eles que antes de suas posições políticas e de serem considerados os marginais e a escória, o malandro era do morro e fazia arte em forma de protesto.

Entendo, vocês terão que manter a tal reputação. Há também, aqueles que estão do outro lado, criticando esses que os criticam. Auto lá! Se não fossem esses loucos e suas distorções (que vocês consideram drogados e rebeldes) talvez, ainda estaríamos de baixo das asas de uma repressão.

Mas, o que é engraçado, é a união de todos vocês para apontar lá pra cima. Falam do sotaque e, até mesmo, da falta de cultura. Deve ser piada. Vocês precisam dançar. De preferência um coco-de-roda, um frevo, ou talvez, um maracatu. Melhor, precisam ler cordel.

Na verdade, vocês necessitam de uma boa e cavalada dose de Brasil.

domingo, 21 de outubro de 2007

Partido alto.

É Noel, sua pergunta fica mais difícil quando se está desmotivado. Abri meu guarda-roupas e não vi nada que poderia fazer eu me sentir bem. A que ponto cheguei? Meu bem-estar se resumiu em uma camisa, uma velha calça... Mas, basta um elogio de algum estranho pra mudar a situação do meu ego. Posso até me inspirar no Travis Bickle, contudo, não a tal ponto:

- Está falando Comigo? Está falando comigo? Falando comigo? Então com quem está falando? É comigo? Só eu estou aqui. Com quem acha que está falando, porra? Ah é? Tudo bem. Que? Ah, minha roupa, obrigado, peguei a primeira que vi.

Ao viver neste caos urbano, raramente você se livra de um distúrbio psicológico e um desequilíbrio emocional se torna um fato. O coração e a cabeça são fracos. Isso pode lhe transformar, surpreendentemente, de um “futuro assassino do presidente” a um “herói nacional”. E o fato de ser um paranóico se torna relevante. Mas, pra acontecer isso, ande com fé, ela não costuma falhar.

Nunca gostei de escrever um diário, sempre achei uma coisa feminina demais, prefiro rabiscar nesses velhos guardanapos de botequim, jogá-los no fundo de uma gaveta e reavê-los com o passar do tempo.

Esses dias me peguei pensando no que ela disse: “Vou jogar fora, são apenas velhas cartas e fotos amareladas”. Daí, percebi que era o fim. Mas, ali da janela eu não pude gritar, só achei que poderia ler seus pensamentos e, de alguma forma, interferir em suas decisões. Porém, não foi o que aconteceu. Simplesmente, fui testemunha ocular da minha própria destruição.

Quando ela bateu as mãos uma na outra, como sinal de “pronto! Terminei o que tinha de ser feito”, não estava só limpando suas mãos, de pele macia, estava me varrendo de sua vida. Percebi que era melhor eu me cuidar, pra não ter mais o coração partido em dois.

Lá do alto, pendurado no beiral da janela, vi meus olhos refletidos no vidro e, em prantos, vi os olhos dela. Naquele momento, decidi que rumo deveria tomar, percebi que nunca fiz por merecer, soltei meus dedos devagar e parti com a roupa do corpo, sem dinheiro no bolso, sem chão, sem nada. Hoje estou aqui. Prazer, meu nome é solidão e o seu?

domingo, 14 de outubro de 2007

São Paulo de Piratininga.

Onde você encontra as mais diversas personas. Os tipos mais diferentes: trabalhadores, religiosos, artista, crianças, estudantes, travestis, idosos, intelectuais, boêmios, enfim, difundidos pelo concreto estressante de uma megalópole.

A vida urbana, o corre-corre, a madrugada, forte relação econômica e intensos fluxos de pessoas. Este é o lugar que eu escolhi pra viver (e pra morrer), pra ter meus filhos. A capital da moda, da arte, da cultura e da contracultura, da música, capital da garoa, espírito libertário e acolhedor, o coração do Brasil. Amo-te, São Paulo.

sábado, 13 de outubro de 2007

Não tenha medo.

Por uma vida mais insana. Não tenha medo. Pare de curtir sua, sempre presente, depressão. Tenha mais porres, sem que terminem em profunda melancolia.

Às vezes, a vida é mais do que apenas viver. Por isso, não caminhe, corra, ou então você ficará para trás. Receio da madrugada? Por quê? Só encontraremos aqueles com as mesmas intenções que as nossas. Não tenha medo.

Segure minha mão e aproveite. Eles estão dormindo e, enquanto eles dormem, podemos tudo. Não tenha medo. Olhe nos meus olhos. Ouça a música. Se depare com os personagens que lhe compõe. Corra!