sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Bom princípio.

Quando criança, costumava pedir aos meus familiares mais velhos um trocado no fim do ano, o conhecido: “Bom princípio de ano novo”. Isso está na cultura popular, faz parte de uma tradição enraizada nos mais diversos lugares. Com o passar do tempo, este costume se perdeu. Hoje em dia, não vejo no réveillon as crianças gritando e pedindo para todos: - “Bom princípio de ano novo, bom princípio de ano novo”.

Creio que deveríamos reviver este feito de infância. Bater na porta dos vizinhos? Pedir dinheiro para os tios do interior? Não! Deveríamos pedir bom princípio de ano novo para tipos como: Deputados mensaleiros, irmos ao portão aqueles juízes, pedir um real para os pastores daquela igreja, ou que tal, para aqueles tais publicitários? Opções é o que não nos faltam, em cada cidade têm um membro atuante desta corja.

Porém, se este trocado não vier dos bolsos desses caros, poderíamos caminhar por outra via e não contribuir com eles nas próximas eleições, não sermos mais dizimistas. Isso é pecado? Acredito que perjura maior à fé e ao ato de ser cidadão, é ficar omisso com essa tal situação.

Afinal, só pediremos um simples cum-quibus (como dizia meus avôs), fazer renascer uma velha brincadeira popular. Se eles nos tiram o ano todo, por que não devolverem na virada? Não é piada! Só queremos isso e mais nada.

De repente.

O Pierrot sempre buscou o beijo da colombina.
O Pierrot sempre buscou o beijo da colombina.

Porém, ela só queria o amor de arlequim.
Porém, ela só queria o amor de arlequim.

Ele um dia se cansou e conheceu a Catarina.
Ele um dia se cansou e conheceu a Catarina.

Mas, depois da meia-noite ela virou Joaquim.
Mas, depois da meia-noite ela virou Joaquim.


Hoje em dia o Pierrot vive jogado na sarjeta.
Hoje em dia o Pierrot vive jogado na sarjeta.

Desgostou-se da vida, vive sem eira nem beira.
Desgostou-se da vida, vive sem eira nem beira.

Começou a beber, deixou de ser um careta.
Começou a beber, deixou de ser um careta.

Seu combustível é o vício. Vive fazendo besteira.
Seu combustível é o vício. Vive fazendo besteira.


(HOMENAGEM AOS CANCIONEIROS REPENTISTAS E AS MARCHINHAS DE CARNAVAL)

Filosofia de botequim - Parte III – O Fulano.

Ficarei disfarçado até descobrirem quem sou. Por enquanto serei o cigano na avenida. A criança no farol. O dono do bar da esquina. O pedinte com a ferida exposta. Serei o carteiro de seu bairro. Ou até, aquele que esbarra em você na multidão. Sou quem lhe dá o assento no ônibus. Serei a mulher que lhe vende balas-de-goma na estação. Posso até ser o cego, o mendigo, o aleijado.

Baterei palma no seu portão para pregar uma religião. Serei o bêbado que gritará na calçada para chamar a atenção. Tocarei sua campainha, sairei correndo. Venderei pamonha, queijo-de-minas, trocarei bateria-de-carro usada por maçã-do-amor.

Serei o gari que varre o centro da sua cidade. Serei o tal “bigode”, o conhecido “chefia”, daquele restaurante. O porteiro do seu prédio. Passarei de moto toda madrugada, em frente sua casa, tocando um sinal de alerta. Chamo-lhe pelo nome, mas ao atender sua porta, não estarei lá. Quem eu sou? Qual meu nome? Será Zé? João? Maria? Mané? Você sabe quem eu sou, mas não me conhece. Você votou em mim na ultima eleição.

Eu sou você quando não sou eu e quando sou eu, você não me reconhece. Sou o acaso, o outro, o ladrão. Alguém que lhe ajuda com as sacolas. Lhe passo troco no guichê, você não me nota. Eu cuspo do alto da sacada. Vendo-lhe o jornal. Monto seus moveis. Conserto sua casa. Freqüento sua igreja, lhe dou a paz, mas ao passar do meu lado, você diz: - “Conheço esse rapaz?”

Quando você me notar, não se lembrará do meu nome e nem de onde me conhece. Sou seu vizinho chato, o motorista de taxi. Ah! Vê se me esquece. Não sou ninguém importante, sou um mero ambulante. No filme que você for protagonista, serei um figurante, quisá, um coadjuvante.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Anti-horário.

Uma das coisas de que tomamos consciência, quando nos tornamos conscientes, é a passagem do tempo.

Para a grande maioria o tempo é o fator mais preocupante, desde a hora que acordamos até à hora de irmos para cama. Dedicamos diariamente nossos anseios em relação ao tempo. O que farei hoje? Será que dará tempo? Que horas são? Quantos minutos me restam? Nossa, quanto tempo faz que não lhe vejo? Tudo no seu tempo. É tempo de mudanças!

Nos preocupamos e nos organizamos só para administrar a passagem do tempo. Temos que gastá-lo sem desperdício, pois tempo é dinheiro! Não é isso que diz o ditado?

Fazemos tudo isso em virtude do senhor tempo. Tempo este que mais cedo ou mais tarde colocará filhos em nossas vidas, netos em nossos colos e rugas em nossos olhos.

Mas, porque controlamos tanto o nosso tempo? Ele passará, não tem jeito. Nem o movimento rotatório da Terra é tão exato. Porque o nosso tempo tem que ser? É engraçado quando dizem que ultimamente o tempo está passando rápido demais. Creio que desde quando ele é medido da forma que conhecemos, todo minuto têm sessenta segundos, toda hora tem sessenta minutos, os dias têm vinte e quatro horas, as semanas têm sete dias, e por aí vai.

Felizmente, o tempo passa e a vida se torna cada vez mais prática, pois é só com o passar do tempo que adquirimos experiência e bons papos pra jogar fora numa rodinha de amigos.


Na verdade, transformar pequenas ocasiões em momentos eternos é o segredo do tempo. O tempo pára no instante que estamos fazendo algo especial. Como em nossas vidas corridas o tempo é algo tão raro, devemos eternizar e valorizar esses momentos únicos.


O tempo está em tudo e não pára de passar. Está passando enquanto falo e passará mesmo se eu me calar.

Bem, sabendo que temos como aliado esse extraordinário personagem das nossas vidas, busquei usá-lo como fator principal e pará-lo, para tornar momentos raros do nosso cotidiano – como este – em momentos únicos. Tornar possível aquele velho desejo de congelar tudo e todos para aproveitarmos um instante exclusivo e incomparável. Agora se delicie com este momento, aproveite cada uma de suas loucuras, viva com mais intensidade e pare seu tempo após está leitura.

domingo, 9 de dezembro de 2007

O início.

Está dentro do meu peito e fora do meu controle. Tem um que de poesia moderna misturada com distorções de guitarra.

Está no alto e ao mesmo tempo perto de mim. Explicar? Não precisa, nota-se no meu olhar, na minha feição, na minha pele, nessa canção. Estado eterno de felicidade.


Ao cair da noite sinto o seu perfume, ao amanhecer lembro-me do seu beijo e passo o resto do dia pensando no seu jeito, no seu sorriso. Ah! Que sorriso. Um olhar doce e profundo que atravessa minh’alma e atinge o que tenho de mais puro e verdadeiro.


Essas frases soltas não traduzem o que tenho a dizer. Se realmente quer saber, basta olhar-me e notará um alguém radiando luz, exalando alegria, com sorriso frouxo e com vontade de viver eternamente. Pois, está dentro do meu peito e fora do meu controle.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O que você quer conquistar?

Será um sorriso? Dormir até tarde? O carro dos sonhos? Ou simplesmente vencer?
A felicidade? Aquela vontade? Matar a sede? Sentir o prazer?

Se espreguiçar depois do almoço? Um beijo no pescoço? Coçar as costas? Ver o dia nascer?
Tirar o sapato apertado? O vento na cara? Uma surpresa ao anoitecer?

Andar descalço? Sentar em um trem lotado? Ou somente crescer?
Profissionalmente? Em casa? Nos estudos? Em você?

Enfim, o que você quer conquistar? Pode ser único ou clichê.
Indiferente pra mim, mas especial pra você.