quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A valsa do desamor.

Vá dizer:

- Eu tô bem.

Pode crer, foi desdém.

Ah! Não posso ser assim, não.

Sempre diz:

- Eu também.

Mas, pra mim não tá bem.

Pouco caso e um copo d’água.

Você quer solidão. Viver na contramão.

Minha calma é perfeição, viu?

Pode ser e será.

Faz assim, deixa estar.

Sentimentos. Sinto muito.

Essa dor não há quem supera.

Quisera.

Pudera.

Vou dizer:

- Eu tô bem também.

Auto-Juízo.

Não condeno o suicídio. Por que você condena?
Uma corda no pescoço, um tiro na cara, um salto no precipício. Pára!
Você tem uma vida regada de cigarro, álcool, drogas e frituras. Isto também é um indício. Loucura!
O que Deus condena? Uma morte instântanea ou uma lenta? Perjura.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Boas novas!

Tenho novidades.
Mudei de cidade. Estou perto da minha infância. Tudo se renova, vejo gente nova e isso me dá esperança.
Novos ares me vigora, pois andava sem rumo. Talvez, aqui eu me aprumo, isso não demora. Assim não sofro mais.

Ótimas noticias.
Vivo animado, esqueci o passado. Sem medo da morte e sem malícia.
Que grande sorte! Desfiz de coisas antigas, encontrei um norte. Eu quero paz.
Hoje não acordei sem vontade de viver a vida.

Estou bem, até mais.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Conglomerado.

Todos os amanhãs deveriam ser domingo.
Todos os amigos deveriam ser A negativo.
Todos os padres deveriam ser casados.
Todos os juízes, condenados.
Todos os sonhos deveriam ser consumados.
Todos os erros deveriam ser perdoados.
Todas as promessas deveriam ser talhadas.
Todos os ares deveriam ser respirados.
Todos os pequenos deveriam ser adotados.
Todos os velhos, sagrados.

Todos os brancos e negros, deveriam ser pardos.
Todos os Jorges deveriam ser amados.
Todos os sonhadores deveriam ser exumados.
Todos os pessimistas, exterminados.
Todos os verbos deveriam ser conjugados.
Todas as mulheres deveriam ser exaltadas.
Todas as partidas, empatadas.
Todas as crises deveriam ser superadas.
Toda a unanimidade deveria ser lembrada. (Pois, da diferença nasce o preconceito e, de todo desamor, cresce o desrespeito).

Todas as fábulas deveriam ser contadas.
Todas as homenagens deveriam ser tatuadas.
Todas as vontades, expressadas.
Todas as poesias deveriam ser recitadas.
Todos os normais deveriam ser retardados.
Todos os desejos, saciados.
Todas as histórias terem seus pontos.
Todos os finais terem seus contos.
Todos os leites deveriam ser maternos.
Todos os amores deveriam ser eternos.

domingo, 12 de outubro de 2008

Sem figuras, nem diálogos.

Minha vida é composta por pessoas que buscam e acreditam em sua existência. Meus grandes amigos.

Que compõem a história do dia-a-dia, transformando sonhos em realidade. Sonhos concretos. Sonhos reais.

Uma vez que, acreditam quão, mesmo que real, o sonho é a melhor parte de nossas vidas.

Selecionam as melhores coisas do cotidiano para compor sua trajetória. Trajetória qual, faz a combinação perfeita com os que apostam e confiam em suas idéias.

Esses que acreditam, também têm um pouco de nós em sua essência e vice e versa.

Eles não precisam mostrar. Pouco menos falar. Sem figuras e nem diálogos, avaliam com o coração, outrora a razão e, cada um deles, de forma diferente, singular, atinge meu eu.

Todos nós estaremos unidos, sempre. Nossos laços serão eternos. Seguiremos o nosso coelho branco de cada dia. Não importa a toca, tampouco o esconderijo. Estaremos juntos, continuamente. Seguindo o fluxo natural da vida.

Pois, sonho que se sonha só não é sonho, e sim, ilusão. Mas, sonhos que dividimos, acreditamos e combinamos uns com os outros, se tornam palpáveis e verdadeiros. Assim como são as pessoas que compõe minha vida. Meus grandes amigos.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Lamúrias de burguesa – Parte III

Prosa bucólica.

Hoje acordei muito bem disposta. Estou - ou pelo menos pareço estar - inteiramente restituída. Os bons ventos do interior servirão de tônico e, produziram em mim, resultados milagrosos.

- Hora de acordar, Mariana. Já são duas da tarde. Gritou minha avó. Ela é uma pessoa muito doce. Me trata bem e sempre me dá carinho e dinheiro. Depois da morte de meu avô, ela nunca mais foi à mesma. Minha avó era falante. Vivia sorrindo e não parava um só minuto. Hoje, vejo minha avó passando o dia todo em frente à TV ou lamentando a perca de meu avô. Não têm um só dia do qual ela não pede para morrer.

Pela fresta da porta, vi que a mesa estava repleta de coisas gostosas. Tinha pão quente, café moído na hora, leite, flores por toda a parte, biscoitos, suco de laranja, frutas, geléia, manteiga, queijos... Nossa! Odeio patê de presunto, mas ele também estava lá. Meus primos no trabalho, minhas tias fofocando na varanda. Esta é a semana na casa da minha avó.

Costumo pegar a bicicleta velha que era do meu avô e desaparecer por aí. Fone nos ouvidos. Óculos de sol. Cabelos presos com uma fita vermelha. Vou sem destino. Só paro pra colocar a corrente, novamente, na catraca ou para tomar um sorvete na praça.

Agora vou tomar banho, pois vou a uma tia que mora na cidade vizinha, por volta de uns cinco quilômetros daqui. O ônibus demora, tanto para passar quanto para chegar lá. Tenho uns primos lindos, porém são bobos e não me dão à mínima, eu acho. Minha avó me repreende toda hora, sabe que eu fico tentando aflorar os sentidos dos garotos. Pena que desta vez a Juliana não veio comigo, a gente sempre apronta alguma coisa.

Certa vez, a Juliana conheceu um rapaz que morava em uma república. Nós fomos até lá. Nesta noite, estava rolando uma festa para comemorar mais um final de semestre. Drogas e bebidas por toda parte. Fiquei com um carinha que não lembro o nome. O mais engraçado é que ele deve achar até hoje que me chamo Carol. Voltamos para a casa da minha avó, depois de dois dias. Os pais da Ju estavam lá e os meus também. Acho que foi a segunda vez que meu pai me bateu. Ah! Foi à terceira, a segunda vez foi quando eu cuspi na cara dele, depois de ter chegado bêbada em casa e a primeira... Hum! Não lembro. Falando em não lembrar, minha memória está cada vez mais defasada, estou esquecendo tudo. O ruim é que eu não me esqueço das coisas e das pessoas que queria tanto esquecer.

Quer saber, voltarei pra cama. Vou tentar durmir mais uns dez minutinhos, ou até, quando minha avó vir aqui puxar o lençol e brigar comigo por estar dormindo nua.