sexta-feira, 26 de julho de 2013

Uma provocação

Olha! Compreendo minha intolerância com o que julgo intolerante. Justificável? Talvez. Afinal, quem não tem uma boa justificativa? Percebi como sou parecido com o que critico! Mentira. Percebi nada! Não é confuso? Haja negação. Isso explica muito coisa... Ou não!? Somos tão iguais em nossas diferenças! Só em nós mesmos podemos mudar alguma coisa, nos outros é uma tarefa quase impossível, disse Jung na busca de compreender o incompreensível. Ainda bem que é quase impossível. Quase!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Quanto mais

Em alguns momentos, aquele famigerado som do silêncio noturno, me faz chegar à beira da loucura. Não sei ao certo se é por perceber, então, o motor da geladeira antiga, cigarras ao longe, na mata virgem que cerca minha vila de nascença (virgem, até a ganância do homem percebe-la e querer enriquecer com seu rico cabaço, fruto raro), um tom em lá que o ar frio da madrugada sopra, semitonando a cada instante, misturado com os veículos acelerados lá fora ou, até mesmo, o apito do vigia que nada vigia, pois, não temos nada pra ser vigiado. Tantos latidos e miados, eu nem tenho bicho algum, só um corpo cansado e, espera, tenho sim, um pássaro velho que, assim como o dono, já não canta com o mesmo fôlego. Enfim, esta louca sinfonia noturna ecoa na véspera do sono, me fazendo dispersar (afinal, desperto é disperso), aflorando a insônia corriqueira e me obrigando a escrever diversas coisas, como essa, por exemplo.

Então, fico na duvida se conseguirei dormir rapidamente. Crio métodos infalíveis que sempre falham, me viro de lá pra cá, coloco minhas mãos por baixo ou em cima do travesseiro, tanto faz, nunca estou totalmente confortável, deve ser pelo colchão já batido, talvez. Me coço, esfrego os pés um no outro, posições diversas com uma só finalidade: Dormir! Como foi o dia anterior? Como consegui? Não me lembro. Na maioria das noites é assim, quase um KamaSutra do sono, inventei esse termo agora, em uma das minhas idas e vindas, de tentar dormir e deixar de escrever idéias soltas, porém, me ajeito novamente na cama, mas, penso um pouco mais e tudo vem a tona, voltando aos rabiscos.

Os ruídos não param nunca! Percebo que essa sintonia fina, que sopra um agudo chiado, não está fora do quarto ou da minha casa, mas, está dentro da minha cabeça, em uma harmônia desarmoniosa. Quanto mais presente é uma coisa, menos notamos sua presença, infelizmente, é assim. Bem, desisto de emanar lamúrias, jogo o bloco de anotações de lado, porém, antes disso, já fui e voltei inúmeras vezes, arremessei pela quarta vez agora, creio. A cada pensamento, sinto a necessidade em anota-los. Acho até que já descobri a cura da AIDS ou uma fórmula química pra converter rapidamente, em segundos, água do mar em água potável, porém, como não as anotei, certo que lembraria no outro dia, acabei esquecendo, claro! Anoto tudo, desde então, sempre que possível, bem verdade.

Enfim, cubro a cabeça, lembro rapidamente do dia que se passou e organizo mentalmente os afazeres do próximo. Assim, bocejo e mal percebo que dormi, parece até que foi tão rápido. Logo, quando me dou conta, já estou sonhando com algo que, provavelmente, esquecerei ao despertar. Esquecer meus sonhos importantes também é outro dilema, não sei porque os considero importantes, uma vez que não lembro deles (está bem, réu confesso, aí está a importância: Esquece-los para não enfrenta-los). É isso, amanhã é outro dia, a noite é outra tormenta. 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Alento da queda

De forma involuntária, presumo, confundimos a espera com a busca. Seja na prece ou na pressa, o caminho para a chegada é o que mais assusta, nos causando espanto. Tanto na gestação ou na estação, vivemos na ânsia do aguardo, ora de um trem lotado ou da chegada do ser amado.

Primavera é o clamor a Deus para aliviar nosso fardo.  Pois, estamos - de fato - sempre a espera de algo, quiçá, no ato. Na agonia do fim do mês, das sextas-feiras, dos feriados, da folga facultativa, das horas incertas que nunca terminam, no passo da expectativa do ponto. “Peça paciência, mantenha acesa a esperança”. Todos dizem, em poema ou conto. 

Sim! Também creio que a busca é a guia que nos move. Devemos, claro, contar com a sorte, afinal, só há uma certeza, a morte. É como a alegria do carnaval, que mesmo não tendo um norte, ofusca. Se pinta de esperança, mas, dança conforme a música.

Ano que se passa, o suor do dia lembra sal, cheira terra e nos apresenta a vida em um ciclo que não pára, não espera, vive gritando: “Gente, sou uma esfera”!  Soa como canção, no coral das vozes caladas. Poderia ter um belo refrão, porém, no ápice, o silêncio dispara.

Viver é como prometer com os dedos cruzados. Só quando arde na pele, compreendemos que a ordem das palavras, jogadas em uma frase singela, pode mudar todo o quadro: "mas, eu te amo" ou "eu te amo, mas...", confirmam a tese. Pois, em algum momento a gente esquece ou acorda. Afinal, habitar o equilíbrio, no híbrido, é ser como uma marionete sem corda.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ensaio dos sentimentos

Das dores

Noite fria
Madrugada a dentro
Parece não ter fim
Ventania
Horas de tormento
Escura igual nanquim

Dos amores

Criança que se pinta
Na brisa, flores lhe finta
A brincadeira aflora
Suaviza, fantasias de outrora

Da esperança

Se a luz virá pela manhã
A terra desce
O filho que não foge a luta
Jamais padece

Do cotidiano

Ponto que bate, bom dia
Suor escorre na testa
A fuga é o que lhe resta
Vida estandarte, tardia

Dos sonhos

Olho distante, esvazia emoções
Pele seca e aparencia pasma
Boca falante, livres associações
Rescaldo de bronquite e asma

Do juízo


Cio
Ócio
Sócio
Idade
Vaidade
Sociedade

domingo, 10 de março de 2013

Cama Quente (Quem ré por último, ré maior)

Se o tom é em sol, si ou Zé
No brinde há tim-tim, ao som de Maia
Seja na varanda ou na beira da praia
Sempre está comigo, na luta com fé