domingo, 29 de junho de 2008

Réquiem.

Aquele que faz diversas perguntas, na verdade, quer responder. Há também os que preferem o silêncio, estes sempre têm algo a dizer.

Saber se comunicar sem o uso das palavras e, principalmente, entender alguém antes de quaisquer gestos, é sinal de sensibilidade. Ter a plena certeza que sabe, por julgar pensamentos sem nenhuma autoridade, é indicio de leviandade.

Costumamos enxergar somente aquilo que fora de encontro com o que queremos achar. Pois, o tolo insiste no erro, diferente do sábio que o reconhece. Desconfiamos das nossas certezas e temos certeza das nossas desconfianças.

Nossos pensamentos e imaginações devem ir além. Porém, temos que manter os pés no chão. Lembre-se: Antes de aprender a voar é preciso dominar a forma perfeita de aterrissar.

Não se perca em meras tentativas de acerto. Erre. Mas, erre tentando acertar. Não deixe que a teimosia lhe tire a visão. Nosso maior erro é querer acertar sempre.

Sei que podemos viver mais com menos emoção. Contudo, acredito que viver mais está na intensidade e não na extensão.

Nunca conte tudo que sabe, pois sempre existirá alguém que se aproveitará de suas idéias. E, quando eles acharem que era tudo que poderia oferecer, surpreenda-os com um As escondido na manga. Mostre que sempre haverá a necessidade de gritar mais alto.

Jamais mostre a origem da sua originalidade, revele apenas sua sabedoria apontando diversas possibilidades. O pecado capital mora no interior.

Confunda todos aqueles que você não consegue convencer. Conte seus segredos ao pé do ouvido, pois – me permita Dijavanear – se é segredo, é sagrado.

Acredite mais em seus instintos, não se perturbe com tantas opiniões. Dentre todas elas, há aquelas que lhe empurrarão e as que insistirão em lhe puxar.

Siga o conselho de Wim Wenders: “Quanto mais opiniões ouvimos, menos enxergamos”. Porém, um conselho sempre é muito particular. Sendo assim, em verdade vos digo, um conselho seria melhor proveitoso se fosse aplicado para aquele que o dá.

Ao terminar de ler este texto recheado de conselhos, viva como antes, termine sua leitura no fim, não leve isso adiante. Como todas as frases transcritas aqui, este último conselho também foi para mim.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O tom das estações.

Primavera
Cravo na lapela,
Cesta com frutos, a ela oferece.
Coroa de flores no cabelo dela.
Cada instante é pra sempre, nada se esquece.
Afinal, é primavera.

Cheiro de flor,
Cheiro de festa.
A beleza é o que resta.
Nada mais interessa.
Afinal, é primavera.

Verão
Vestido no varal,
Anuncia a estação.
Ritmo de carnaval,
Enaltece o verão.

Batuques, tambores e afins.
Esta mistura nos aquece.
Pierrô, colombinas e arlequins.
O calor humano sempre padece.

Um arco-íris se forma da água que sai da mangueira.
A folia nos envolve em um tom de brincadeira.
Diversão no quintal, a infância resiste.
As janelas estão abertas, pois a felicidade na rua reside.

Outono
As folhas d’outono pelo chão se espalham,
Período velado, sombrio e multicolorido.
Pisar em folhas secas, ouvir barulhos estalados,
Contrapondo o vestuário garrido.

Em cada instante uma suave brisa,
Aclamando por um acorde diminuto.
Alaranjada sua cor, és notável, és rígida.
Faz da noite gêmea do dia, colhendo um desejo astuto.

Inverno
A mais longa estação, a mais especial, a mais fria.
Aquecerei-te neste inverno, envolvendo-te nesta magia.
És encantadora, és lírica, harmoniza a distância de tudo.
Seu cachecol felpudo envolve meu paletó-de-veludo.

A fumaça que sai da fala ultrapassa a sala e atinge o peito.
A palavra doce da amante rara, no ar paira e do mundo esqueço.
Aparência romântica, o glamour da estação.
O inverno é isto e mais nada, miscelânea de poesia com emoção.