sábado, 11 de junho de 2011

Disparo.

Depois de cruzar a última esquina, segurando uma garrafa quase vazia de vodca na mão - pra ser exato - com um pouco menos da metade e fumando seu último cigarro, ele chegou a porta da festa. Um pub sujo, mal localizado, frequentado por gente que se conhece pelos sobrenomes, pelas universidades que frequentam, pelos países que viajaram ou pelos empregos dos pais. Não se consideram burgueses, pois, ouvem músicas engajadas, falam em gírias descoladas e, suas roupas de grife, são rasgadas e customizadas pelas empregadas da família.

Ao chegar, o segurança do local que, por um instante pensou em não deixá-lo entrar, afinal, já era tarde e o rapaz estava extremamente pirado, acabou liberando sua entrada, após pedir que dispensasse a garrafa na calçada. Ele virou em um só gole, bebendo e babando toda a vodca, arremessou a garrafa em uma parede do outro lado da rua, espalhando os estilhaços de sua fúria.

O local estava cheio, bastante movimentado, muita gente alucinada. Copos, garrafas e casais se beijando por todos os cantos. As luzes e o som alto o deixaram acelerado. Todos estavam dançando e curtindo cada instante. Ao encarar as pessoas, observava que todos riam, se abraçavam, gesticulavam, falavam aos berros e bebiam muito, algo muito parecido com felicidade.

Foi ao bar e pediu uma dose do uísque mais barato. Virou em frações de segundo! Pediu a saideira ao barman, perguntando onde era o banheiro.

Se direcionando até lá, esbarrava em todos que estavam em sua direção. Parecia não ver ninguém. Entre os esbarrões, chutes e empurrões, chegou ao banheiro, aparentemente, vazio. Caminhou até a última porta. Encostada, forçou para abri-la, mas ouviu alguém reclamando. Continuou forçando até abrir e se deparar com dois caras que estavam se drogando. Eles reclamaram com o rapaz que, os afrontou e empurrou-lhes contra a parede. Falou que iria ser breve ao usar o banheiro: “Só quero dar um tiro, porra!”. Os dois sujeitos então relaxaram a tensão do momento e caíram na gargalhada, indagando o rapaz: “Uma cafungada!? Poderia ter falado antes”.

Afastaram-se, abrindo caminho para ele que, entrou rapidamente e trancou a porta. Os dois saíram rindo alto e gritando: “Aproveite a festa, amigo! Divirta-se e... Boa viagem”. Porém, antes que cruzassem a porta, ouviram um tiro seco, seguido de um barulho de queda e uma poça de sangue que atravessava a fresta.

6 comentários:

Catia Bosso disse...

Uihh!! Era um tiro .. literalmente falando né!

Afff! Já era!

bj

Catita

SBIE disse...

Atualmente droga é um assunto recorrente em literartura moderna.. antes era bem mais tabu. Parabéns.. queria ver esse desenrolar, tem jeito??

Flávio Antunes Soares disse...

Conto muito interessante. Nos dois primeiros parágrafos há um suspense que faz pensar que o personagem irá arrumar confusão com alguém, sendo que, na verdade, a confusão estava em sua mente.
Ótimo texto!

Flávio Antunes Soares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ferrockxia disse...

se puder confere meu video aí no you tube hehhe

Eliana Tavares disse...

Cheguei a sentir a solidão do personagem...