Beber é encher e esvaziar, encher-se e se esvaziar. Encher o copo, esvazia-lo. Encher o peito de coragem, esvaziar a vergonha. Encher o ouvido do garçom com lamurias, esvaziando o peito das dores e dos amores. Um gole de fé, lembranças sem cores.
Encher o punho cerrado com uma garrafa, esvazia-la com raiva. Esperanças perdidas, renovação pra mais um dia. É se apegar a fé e se afastar de Deus. É abraçar o mundo e cruzar os braços. Beber é mais do que engolir um liquido qualquer, é tomar um gole de loucura, um porre de lisura, é encarar a vida de frente, é cair na esquina e deitar sem consciência das mazelas, viver como indigente.
É chorar as feridas que não cicatriza ou congela. É entender que a vida é o ensaio de uma peça que nunca estreará. Encher o copo é como preencher a alma, acalma. "Desce mais uma! Pra eu subir sem norte. Só assim me sinto forte. Me fortalece e aquece"!
Crio asas, tenho apogeu. Corro sem sair do lugar. Durmo sem querer acordar. Bebida cara ou barata, social ou sociopata. Para um pobre ou um ricaço, é na bebedeira que se igualam, parece mamadeira, choram e se abraçam.
Beber é se preparar, perder a censura. Rito de passagem do sábio. Uma garrafa de vinho antes do sermão. É dizer a verdade, andar na contramão. Quando bebemos, não vemos as coisas como são, mas, como somos. É encher se e esvaziar-se. É viver o próprio sonho.
Beber é se preparar, perder a censura. Rito de passagem do sábio. Uma garrafa de vinho antes do sermão. É dizer a verdade, andar na contramão. Quando bebemos, não vemos as coisas como são, mas, como somos. É encher se e esvaziar-se. É viver o próprio sonho.
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