Recém casados, Wagner e Beth entraram em um grande dilema.
Sequer haviam imaginado algo do tipo: Escolher o lado da cama! Lógico, eles já
haviam dormido juntos. Desde a segunda viagem que fizeram. Wagner e Beth já
dividiam o mesmo cantinho, seja numa barraca de camping ou colchonetes em
viagens com amigos (disse segunda viagem, pois, a primeira estrada foi em uma caravana
na fase "zen" de Beth, não
puderam dormir juntos. Wagner embarcou numa grande roubada - pelo menos pra ele
- tendo que segurar seu temperamento inquieto e entrar na onda do “Ooouunnn” de Beth. Cada qual no seu
lado, sem poder aproveitar a linda e inspiradora vista paradisíaca do vilarejo). Mas, agora é bem diferente, a história é outra, são outros quinhentos.
Como disse Beth: “Essa
nossa escolha precisa ser muito, mas, muito bem pensada! Passaremos o resto de
nossas vidas desse ou daquele lado...". Se pensarmos bem, Beth tem
razão. Porém, não é isso que Wagner acha. Ele acredita que o lado pode ser
mudado a qualquer hora. Bem, a partir de então, começaram a pensar em possíveis
soluções: “Nessa primeira semana,
dormiremos num esquema de revezamento, dia sim, dia não"! Disse Beth.
Essa tentativa teve êxito nas primeiras horas da noite, pois,
ambos se sentiam incomodados em saber que aquilo era algo provisório. Pareciam
que, de forma inconsciente, estavam com medo de se apegar ao lado atual e o
outro, de repente, querer trocar. Mas, esqueciam que era, justamente, esse o
intuito, se A-PE-GAR. Assim, buscaram sem cessar, novas formas de resolver esta
questão.
Entre trocas de travesseiros, viradas de colchões, mudanças
no leiaute do quarto, Beth teve um insight: “Que
tal comprarmos um beliche!? Explanou, com a mesma cara que fez Cabral, quando
descobriu que o novo era velho.
Wagner, é claro, achou um absurdo, não concordou com tal
proposta e chegou a abrir um uísque, para ajudar engolir tamanha sugestão. Ela
justificou, dizendo que ambos precisavam radicalizar, pois, há dias que
procuravam o lado ideal da cama e nada de achar: “A proposta é uma pausa ao desgaste”! Ela disse. (Na minha opinião
– que Wagner e Beth não me ouça – essa ideia era uma forma desesperada de
emanar carência. Assim, os dois entenderiam de forma involuntária que o lado
pouco importa, pois, o que vale não é “O”
lado e sim “AO” lado. Mas, como diz
meu velho bordão: “Em briga de cão e
gato, não se atira o sapato”...).
Com muito custo e algumas doses, Wagner concordou com o
monstro chamado beliche. Beth, antes que ele repensasse de sua louca decisão
em concordar com ela, apanhou a chave do carro e correu para uma loja de
moveis. Nessa noite, pela primeira vez, Wagner dormiu no sofá. Enquanto Beth,
na volta, se aconchegou no colchão inflável jogado no corredor.
No dia seguinte, as onze em ponto, o beliche foi entregue. O
dia se arrastou, ambos ansiosos aguardando a noite cair para dormir em paz e
acordar relaxados. Nessa noite, Beth não cozinhou, pediu uma pizza e esperou
Wagner chegar. As dezesete horas, já estavam de pijama, esperando um do outro o convite: “Vamos dormir”!?
Assistindo tevê, por volta das vinte e uma horas, se olharam ao mesmo
tempo e disseram que estavam com sono, rindo, foram para o quarto. Avistaram o
beliche, se contemplaram “aliviados” pela decisão brilhante que tomaram e,
rapidamente, começaram a descer os edredons e lençóis do alto do guarda-roupas.
Foi quando que, em um surto quase psicótico, Beth gritou: “Eu fico com a cama de baixo”! E, assim, mais uma noite de indecisões e idéias
com futuras frustrações se adentrou na vida deles.
7 comentários:
rsrs O jeito é revesar o tal lado da cama, a principio parece estranha a ideia, mas depois a gente acostuma...
bjsMeus
CAtita
Hahaha... adorei!!!
Beijos =)
KKKKK
Dura vida conjugal!
Ah, quem dera todas as brigas
fossem por esse motivo.
Cara, esse texto ficou muito bem trabalhado. A briga pelo lado da cama me fez lembrar da teoria de Nietzsche de que o homem sempre inventa novas formas de guerra.
Uia! Eu sempre fuço por aqui! Que bom que voltou a atualizar!
#Melhor que escolher o lado da cama é dormir em cima ou embaixo do outro... ;D
ótimo texto Thiago! Não havia lido ainda! A lição foi realmente passada. A questão não é de que lado, mas AO lado!
Isso dá um curta, Thiaguera!
Achei massa...
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