quinta-feira, 6 de março de 2008

Gavetas e gravatas.

Tira a gravata.

Feche a gaveta.

Corra para a cama.

Ela lhe espera.

Feche os olhos.

Beija-a na boca.

Tira-lhe o sono.

Chama-lhe de dono.

...

Toca o telefone.

A bolsa se rompeu.

Feche a gaveta.

Afrouxe a gravata.

Ela concebeu.

...

Os primeiros passos.

As primeiras palavras.

Só repetirá o que lhe for falado.

Este é o ser humano.

Se não for assim, ficará calado.

...

Vocês envelheceram.

Eles te esqueceram.

Agora são três.

Vestem-se diferentes.

Cantam em inglês.

Sua esposa lhe espera na cama.

Ela dorme logo.

Você desencana.

...

A vida se aproxima do fim.

Encostaram a gaveta.

Apertaram a gravata.

Vejo-lhe de olhos fechados.

Flores e choros por todos os lados.

...

Você se tornou uma lembrança.

Lágrimas que escorrem pelas gravatas.

Fotografias no fundo de uma velha gaveta.

5 comentários:

Eduardo disse...

arrebentou no na relação gaveta = vida, cara!

Arrebentou mesmo! Vou ver com a Erika se rola de colocar esse seu post lá no Contra o Cais!

Erika Sodré disse...

*vai ver Duuuuu ???...já rolou...demorou pra colocar lá...

*estou de boca aberta aqui...demais demais demais...vc já sabe q sou sua fã né...

ManinhaChica disse...

Esses versos tem forte apelo melódico. Li e parecia cantar na sua casinha.
Lindo mesmo!
e a vida corre, e a poesia dá sintonia, e a vida corre, e a poesia alegra.
beijo.sorte.musica.
sempre!!
beijo, querido

vicente cortello disse...

CARAAAALHO BROTHER.
HUMILHOU.

muito bom.

Thiago da Hora disse...

em meu atual estado não deveria ler coisas assim... mas o texto ficou bom. =)